Um famoso cartum publicado em 1993 pela revista New Yorker mostrava dois cachorros ao computador, e um deles dizia ao outro: "Na Internet, ninguém sabe que você é um cão". Mas isso talvez já não seja verdade. Uma nova análise de dados sobre consumidores demonstra que as grandes empresas de web estão aprendendo mais do que nunca sobre os detalhes mais profundos das pesquisas e atividades dos usuários de Internet, e recolhem pistas sobre os gostos e preferências de um usuário típico de Internet ao ritmo de centenas de dados por mês.A análise, conduzida pela comScore, uma empresa de pesquisa da Internet, por solicitação do New York Times, oferece o que executivos de publicidade definem como a primeira estimativa ampla sobre o volume de dados sobre os consumidores transmitidos a cada dia para as empresas de Internet.
Os defensores da privacidade já lançaram alarmes sobre as práticas de empresas de Internet, e ofereceram vagas estimativas sobre o volume de dados que essas empresas recolhem, mas não ofereceram dados abrangentes. As novas análises indicam que as empresas de web estão, na prática, recolhendo pistas fornecidas pelas pessoas quando se movimentam pela Internet e usando-as para descobrir para onde as pessoas irão. Por isso, uma pessoa que procure por informações sobre tópicos desconexos como suplementos de ferro para a alimentação, linhas aéreas, hotéis e refrigerantes pode posteriormente receber publicidade sobre esses produtos e serviços.
Os consumidores não se queixaram muito dessas práticas de coletas de dados até o momento, mas especialistas em privacidade dizem que isso acontece porque a prática lhes fica invisível. Ao contrário do programa Beacon, do Facebook, que causou controvérsia no ano passado ao notificar os amigos dos usuários quanto às compras que estes faziam online, a maioria das empresas não posta uma notificação na tela ao recolher dados sobre as pessoas que visitam seus sites. "Quando você começa a obter detalhes, a situação é ainda mais assustadora do que imaginava"¿, disse Marc Rotenberg, diretor executivo do Centro de Informação sobre a Privacidade Eletrônica, uma organização de defesa do direito à privacidade. "Eles estão registrando preferências, esperanças, preocupações e medos".
Mas os executivos das maiores empresas da web dizem que os temores quanto à privacidade são injustificados, e que suas empresas têm normas em vigor para proteger os nomes e outras informações pessoais dos consumidores contra uso publicitário. Além disso, afirmam, os dados beneficia os usuários, porque tornam mais relevante a publicidade que recebem. Essas empresas muitas vezes conectam os dados sobre os consumidores a códigos únicos que identificam os computadores destes, e não seus nomes. "O que vem a ser a publicidade direcionada, em longo prazo?", diz Michael Galgon, vice-presidente de estratégia publicitária da Microsoft. "É receber conteúdo sobre coisas que interessam ao usuário".
O rico arquivo de dados que as grandes empresas de Internet estão acumulando também está criando uma nova forma de divisão digital no setor. As empresas de mídia tradicional, que recolhem muito menos dados sobre os visitantes de seus sites, sofrem desvantagens cada vez maiores na disputa das verbas publicitárias. As grandes redes de TV, jornais e revistas "não concorrem na mesma divisão", diz Linda Abraham, vice-presidente executiva da comScore. "Eles não podem nem entrar em campo". Durante a curta vida da Internet, as pessoas se acostumaram a usar um indicador derivado da mídia tradicional para determinar sucesso: os números de audiência. Como revistas e jornais, os sites da web em geral são classificados em termos de número de visitantes e de tempo de permanência desses visitantes.
Mas na Internet, os anunciantes cada vez mais escolhem onde posicionar seus anúncios com base naquilo os sites conhecem sobre os internautas. A análise da comScore é uma tentativa inovadora de estimar quantas vezes as grandes empresas de Internet coletam dados sobre seus usuários a cada mês. No passado, as empresas de Internet só podiam monitorar as atividades de usuários em seus sites. Mas nos últimos dois anos, elas expandiram seu alcance ao agir como intermediárias que colocam publicidade em milhares de sites, e com isso conseguem acompanhar a atividade dos internautas em sites alheios. Grandes empresas da web, como Microsoft e Yahoo, também adquiriram companhias com acesso a dados ricos sobre os consumidores, no ano passado.
Fonte: The New York Times
Os defensores da privacidade já lançaram alarmes sobre as práticas de empresas de Internet, e ofereceram vagas estimativas sobre o volume de dados que essas empresas recolhem, mas não ofereceram dados abrangentes. As novas análises indicam que as empresas de web estão, na prática, recolhendo pistas fornecidas pelas pessoas quando se movimentam pela Internet e usando-as para descobrir para onde as pessoas irão. Por isso, uma pessoa que procure por informações sobre tópicos desconexos como suplementos de ferro para a alimentação, linhas aéreas, hotéis e refrigerantes pode posteriormente receber publicidade sobre esses produtos e serviços.
Os consumidores não se queixaram muito dessas práticas de coletas de dados até o momento, mas especialistas em privacidade dizem que isso acontece porque a prática lhes fica invisível. Ao contrário do programa Beacon, do Facebook, que causou controvérsia no ano passado ao notificar os amigos dos usuários quanto às compras que estes faziam online, a maioria das empresas não posta uma notificação na tela ao recolher dados sobre as pessoas que visitam seus sites. "Quando você começa a obter detalhes, a situação é ainda mais assustadora do que imaginava"¿, disse Marc Rotenberg, diretor executivo do Centro de Informação sobre a Privacidade Eletrônica, uma organização de defesa do direito à privacidade. "Eles estão registrando preferências, esperanças, preocupações e medos".
Mas os executivos das maiores empresas da web dizem que os temores quanto à privacidade são injustificados, e que suas empresas têm normas em vigor para proteger os nomes e outras informações pessoais dos consumidores contra uso publicitário. Além disso, afirmam, os dados beneficia os usuários, porque tornam mais relevante a publicidade que recebem. Essas empresas muitas vezes conectam os dados sobre os consumidores a códigos únicos que identificam os computadores destes, e não seus nomes. "O que vem a ser a publicidade direcionada, em longo prazo?", diz Michael Galgon, vice-presidente de estratégia publicitária da Microsoft. "É receber conteúdo sobre coisas que interessam ao usuário".
O rico arquivo de dados que as grandes empresas de Internet estão acumulando também está criando uma nova forma de divisão digital no setor. As empresas de mídia tradicional, que recolhem muito menos dados sobre os visitantes de seus sites, sofrem desvantagens cada vez maiores na disputa das verbas publicitárias. As grandes redes de TV, jornais e revistas "não concorrem na mesma divisão", diz Linda Abraham, vice-presidente executiva da comScore. "Eles não podem nem entrar em campo". Durante a curta vida da Internet, as pessoas se acostumaram a usar um indicador derivado da mídia tradicional para determinar sucesso: os números de audiência. Como revistas e jornais, os sites da web em geral são classificados em termos de número de visitantes e de tempo de permanência desses visitantes.
Mas na Internet, os anunciantes cada vez mais escolhem onde posicionar seus anúncios com base naquilo os sites conhecem sobre os internautas. A análise da comScore é uma tentativa inovadora de estimar quantas vezes as grandes empresas de Internet coletam dados sobre seus usuários a cada mês. No passado, as empresas de Internet só podiam monitorar as atividades de usuários em seus sites. Mas nos últimos dois anos, elas expandiram seu alcance ao agir como intermediárias que colocam publicidade em milhares de sites, e com isso conseguem acompanhar a atividade dos internautas em sites alheios. Grandes empresas da web, como Microsoft e Yahoo, também adquiriram companhias com acesso a dados ricos sobre os consumidores, no ano passado.
Fonte: The New York Times
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